domingo, 22 de novembro de 2009

Incerteza com Certeza




Novamente pus-me a pensar acerca de nossa sociedade. Desta vez fui além das críticas por elas mesmas e busquei alternativas ao modelo em que estamos, baseando-me em outros modelos. Perplexamente observei meus pensamentos embaraçarem-se novamente. Movimentar as engrenagens sociais para que se modifique o modo de vida da sociedade é extremamente complexo e, no mínimo, árduo.

As sociedades que buscam o bem coletivo geralmente exemplificam e explicam muito bem o quesito “por que?” mas pecam no quesito “como?”. Thomas More escreveu “Utopia” no século XVI e acabou por demonstrar uma sociedade muito mais igualitária do que as que existiam em seu tempo e alimentou o pensamento de intelectuais posteriores, entretanto, pouco disse quanto ao modo em que se poderia colocar esta sociedade em funcionamento e sobre como realizar a troca de sistema.

Charles Fourier, talvez um dos primeiros a demonstrar uma saída para a sociedade capitalista moderna, cria os falanstérios e posteriormente surge o cooperativismo. Apesar de terem um sentido de auxílio mútuo e de desenvolvimento e aprimoramento, ambos enfrentaram os mesmos problemas: ganância, descontrole, ausência de cooperação, falta de preparo e de aceitação de uma sociedade mais igualitária, e muitos outros.

Não muito distante do pensamento cooperativista e falansterial (se é que esta palavra existe), deparei-me com o socialismo e o comunismo. O povo no governo, burgueses submetidos as normas dos proletários, sistema de soviets em funcionamento...tudo muito bom!...Entretanto, o povo no governo é facilmente manipulável por ser geralmente ignorante (não no sentido pejorativo da palavra, mas no sentido de ignorar, desconhecer), logo, sempre que um mais inteligente e maléfico tiver oportunidade influenciará as massas na direção do indesejável e o caos estará presente novamente.

E o anarquismo?! Raiz grega: sem governo. Sem governo, somente respeito entre os seres humanos. Mas como graduar o respeito? Como medí-lo e estipulá-lo sem causar mal estar a um ou outro? E se for possível mensurá-lo e estipulá-lo, quem irá fazê-lo? Aquele que criar a medida será aquele que estipulará uma norma que governará aos seres humanos. Uma norma governando é possível em um mundo sem governo, sem nada que me diga os limites de minhas ações?

Os pensadores da polis, do Estado nas épocas em geral, raramente conseguem estabelecer limites e ideais alcançáveis. Ainda que tentem, salvo melhor juízo, não conduzem claramente a sociedade na busca pelos objetivos propostos.

O Capitalismo tornou-se - ou sempre foi – a busca desenfreada maquiavélica (no sentido do Príncipe mesmo, não do senso comum) do capital. Assim sendo, qualquer busca por igualdade é perdida a partir do momento em que os seres humanos objetivam mormente o avanço dos bens e das posses, e não a evolução e o aprimoramento da qualidade de vida de seus semelhantes.

As religiões perdem mais tempo julgando umas as outras, degladiando acerca do melhor deus, das melhores crenças, dos melhores cultos, do que efetivamente fazendo aquilo que pregam em suas escrituras sagradas. Seus líderes, na grande maioria, envergonhariam-se daquilo que fazem hoje de suas palavras e atos.

De modo geral estamos vivendo em um mundo onde quase todos pensam em mudanças de cunho político e social, mas não há quem tenha uma solução clara para os dilemas do século XXI. Estamos como cegos procurando o arco-íris, crentes que iremos achá-lo. Chegará o dia em que trataremos a cegueira antes de procurar as cores.

Será?




Hoje em dia andar nu em um calor de 40 graus é indecência...
Matar por uns trocados, é normal, paciência!
Falar abertamente de amor é vulgaridade...
Contar vantagens de trapaças, popularidade!
Ai, ai...que sentimento estranho de saudade...
Saudade dos tempos que nunca foram, não são...
Talvez nem serão!
Sinto falta dos tempos de liberdade e amor à humanidade...
Mas estou aqui perdido entre a hipocrisia e a maldade...
Soltando pipas na tempestade, o pára-raios da sociedade.

Olímpiadas




Salve, salve povo brasileiro! Que se ergam as taças e que brindemos nos quatro cantos desse país. Gastaremos 15 bilhões em estádios, dormitórios e estrutura para os Jogos Olímpicos. Enquanto isso pessoas morrem nas filas de hospitais, analfabetos multiplicam-se e a ignorância quadruplica-se, pois tudo isso passa em branco e todos celebram a possibilidade de ver um jogador chutando uma bola.
Vibremos com a ignorância, com a estupidez. Governantes novamente encherão os bolsos com verbas públicas aplicadas em obras mal feitas e superfaturadas. Mas o Brasil é o país do futuro... “tá ruim mas ta bão”.
Eu quero um arco e uma flecha. Que a ponta seja banhada em sabedoria e que seja tão fortemente lançada que possa atravessar todos os cérebros humanos brasileiros. Que seja perceptível ao menos a alguns poucos as inverdades pregadas e os problemas escondidos. Que seja pronunciado em alto e bom som o óbvio e que possamos sobreviver às rédeas que conduzem esse povo.